31 julho, 2012

A Era do Rádio (Radio Days, EUA, 1987).


Praticamente um arranjo de algumas das reminiscencias de infância do diretor e roteirista Woody Allen (Hannah e suas Irmãs), tendo como personagem principal o rádio, símbolo máximo da década de 1940 nos Estados Unidos, A Era do Rádio é um raro filme de comédia de época que consegue tratar de forma "séria" de uma época tão importante não só para a formação do cineasta, mas também para o cinema, visto que ambas as mídias caminhavam de mãos dadas nestes tempos de glamour (antes da II Guerra) e dor (durante e após a guerra).

Optando por apresentar diversas crônicas com diversos personagens que possuem um mesmo tema em comum (o rádio), este trabalha leve mas de conteúdo apurado de Allen tanto presta uma óbvia homenagem ao instrumento quanto traça um painel - e de certa forma uma crítica leve - acerca do comportamento da sociedade naquela época, principalmente a da classe média baixa judia (onde o alter-ego do diretor se encontra) e a classe mais alta, representada pelo pessoa que trabalhava na e com rádio.

Narrado pelo próprio Allen e apresentado pelo ponto de vista do garoto Joe (alter-ego de Allen, interpretado pelo carismático Seth Green), A Era do Rádio, ao contrário de outros trabalhos do cineasta, não traz grandes papeis para atores e atrizes consagrados, deixando papeis de maior relevância para nomes não tão conhecidos como Michael Tucker (Por Amor ou Por Dinheiro) e Julie Kavner (Tempo de Despertar), respectivamente pai e mãe de Joe, apresentando nomes como Danny Aiello (Era uma Vez na América), Jeff Daniels (A Rosa Púrpua do Cairo), Diane Keaton (O Poderoso Chefão), Mia Farrow (O Bebê de Rosemary) e Dianne Wiest (Edward Mãos-de-Tesoura) em papeis relativamente menores, alguns até mesmo em pontas. É válido destacar a rapidíssima presença de um até então desconhecido William H. Macy (Fargo), ainda desconhecido na época, aparecendo apenas como figurante em uma cena do filme.

Tecnicamente falando, A Era do Rádio não apresenta grandes mudanças em relação a cinematografia de Woody Allen, visto que o mesmo sempre adota uma composição de ângulos e enquadramento simples, dando total atenção aos atores em cena. Entretanto, por se tratar de uma produção de época, encontramos aqui um maior cuidado com relação ao figurino (de Jeffrey Kurland) e, principalmente, a fotografia e a direção de arte, a primeira (assinada por Carlo Di Paula) pelos tons envelhecidos e centrados na composição, a segunda (a cargo de Santo Loquasto, indicado ao Oscar por este trabalho) pela fidelidade - ou pelo menos passa essa ideia com sucesso - dos cenários e objetos de cena.

Divertido e interessante, A Era do Rádio continua continua com arroubo a grande fase oitentista do cineasta, praticamente lançando filmaços após filmaços, dá a chance do espectador acompanhar de forma mais intimista e delicada parte das lembranças - idealizadas, obviamente - da infância do cineasta, como também reconhecer e aplaudir a importância do rádio como instrumento de entretenimento e notícias para toda uma geração de famílias (e ideologias/credos) numa época onde realmente prevaleciam os sonhos e a inocência em detrimento da ganância e do egoísmo (pelo menos, no universo do longa).

AVALIAÇÃO: 
TRAILER:

Mais informações:
Bilheteria: Box Office Mojo

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