09 maio, 2012

Almas Gêmeas (Heavenly Creatures, NZE, 1994).


Baseado em fatos reais e executado como um misto de drama e fantasia, Almas Gêmeas é o filme que "revela" ao mundo dois grandes talentos do cinema contemporâneo, o co-roteirista e diretor Peter Jackson (responsável pela trilogia O Senhor dos Anéis) e a hoje aclamadíssima e oscarizada atriz Kate Winslet (Titanic). Narrando a trajetória das personagens de Winslet e Melanie Lynskey (hoje conhecida por interpretar Rose, vizinha maluca de Charlie Sheen na série de TV Two and a Half Men), que por não terem conseguido ficar juntas - a história se passa na década de 1950, período nada favorável a envolvimentos de ordem homossexual - acabam assassinando a mãe da segunda, com o intuito de se libertarem da suposta repressão por parte dos pais de ambas. Entretanto, apesar do tema pesado, Jackson opta por narrar esta tragédia com toques de fábula e fantasia, ilustrando assim os pensamentos e ideias das personagens, que realmente viajam na maionese, com suas pretensões infantis de conquistar ídolos de Hollywood e viverem juntas num suposto paraíso pós-morte, desenvolvido na mente de ambas. Esta opção, apesar de causar estranhamento no início do filme, acaba por transformar o filme de maneira especial, diferenciando-o assim de uma tragédia comum, justamente pela inusitada e bastante criativa abordagem.

Indicado ao Oscar de melhor roteiro original em 1994 (quem levou a estatueta foi Quentin Tarantino, com o excepcional Pulp Fiction - Tempos de Violência) e aclamado no Festival de Veneza do mesmo ano, Almas Gêmeas talvez seja o primeiro grande filme de Peter Jackson, e mesmo com a temática mais do que distante de seu maior feito até então - obviamente me refiro à trilogia do anel -, já dá para enxergar ecos do porvir na carreira do cineasta, principalmente pela exploração de maquetes e maquiagens prostéticas, que seriam de importância ímpar na execução daquela trilogia.

No entanto, apesar de criativo e bem-executado, o excesso de estilização pode acabar por incomodar aqueles que gostam de uma narrativa mais sóbria e enxuta, que não tente transferir a psique dos personagens à estética do filme em si, característica esta que guarda uma certa proximidade com o filme que Jackson dirigiria logo após este, o irregular e às vezes excessivamente tolo Espíritos, que acabou ficando mais conhecido por ter sido o último trabalho do ator Michael J. Fox (De Volta para o Futuro) no cinema.

Afora este impasse quanto a estilo e abordagem, Almas Gêmeas realmente é um grande trabalho de Jackson e cia., pois estabelece de vez sua pegada de criador, além de mostrar o potencial da Nova Zelândia como país produtor de cinema. Dono de um início que causa um certo estranhamento e de um final de impacto certo, Almas Gêmeas é um mais do que bem-vindo cartão de visitas ao principal cineasta kiwi da história do cinema, além de registrar a primeira grande performance de Kate Winslet, pouco antes do seu estouro com Titanic.

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