23 abril, 2012

Titanic (EUA, 1997).


"Eu sou o rei do mundo!" (Jack Dolson, personagem de Leonardo DiCaprio).

Grande marco do cinema moderno, até poucos anos dono da maior arrecadação em bilheteria de todos os tempos (foi ultrapassado por Avatar, do mesmo diretor) e talvez o último grande épico à Hollywood clássica (entre os anos 1940 e 1960), Titanic é mais do que um filme, na verdade este é um grande evento e, como não poderia deixar de ser, carregado de boas e más "intenções". Projeto "particular" do cineasta (aqui atuando como diretor, roteirista e produtor) James Cameron (O Exterminador do Futuro), o filme é o signo mor da grandiloquência (e, de certa forma, iniciou uma tendência de certa forma negativa), com seu luxuoso departamento de arte, que brilha na reconstituição de época e os departamentos de efeitos visuais e especiais, que promove com competência um festival de destruição e agonia, além de prontamente transportar o espectador ao navio gigante, com um alto grau de realidade, mas também dono de um enredo bem intencionado, mas evidentemente simples e reducionista, além de, em conjunto à fatal trilha sonora, exagerar na dose de manipulação para com o espectador, que praticamente durante as mais de 3 horas de projeção do filme passam de passageiros à escravos do poder de narração (ou seria mesmo manipulação) de Cameron como contador de histórias.

Afora isto, é preciso ratificar o sucesso e a competência do filme como um todo. Construído e executado como um espetáculo visual, Titanic não possui nenhum personagem excepcionalmente profundo, porém, apesar da bidimensionalidade do elenco, o carisma de grande parte deste consegue se destacar, tanto que personagens como Jack (Leonardo DiCaprio, de O Aviador) e Rose (Kate Winslet, de O Leitor) estão arraigados à cultura pop, tendo se tornado tão icônicos quanto Vito Corleone, de O Poderoso Chefão, Forrest Gump e Darth Vader, de Star Wars, por exemplo. Além do casal, o filme ainda conta com diversas personas "inesquecíveis", que são lembradas justamente pelas suas personalidades (seriam estereótipos) e não pelos seus nomes, como o capitão do navio (Bernard Hill, de O Senhor dos Anéis: As Duas Torres), a rica inconveniente e fanfarrona (Kathy Bates, de Louca Obsessão) e o engenheiro criador do navio (Victor Garber, da série Alias), além das figuras do "mal", o noivo mal-caráter de Rose (Billy Zane, de O Fantasma) e seu guarda-costas (David Warner, de Tron: Uma Odisseia Eletrônica) e a mãe ambiciosa de Rose (Frances Fisher, de Os Imperdoáveis).

Dono de uma trilha sonora marcante - apesar de, como todo o filme, as vezes abusar do "açúcar" - e de uma tocante história de amor, além de registrar e, de certa forma, recriar uma das maiores tragédias da história, transformando o filme na maior referência para o gênero catástrofe (em gênero, número e grau), Titanic é o tipo de filme que vai domando o espectador de mansinho (talvez o público feminino seja conquistado bem mais rápido), induzindo o mesmo a gostar dos personagens, a acreditar naquele amor épico e novelesco (nada mais acertado para um filme ambientado no início do século XX, antes da primeira grande guerra) com tanta competência que mesmo quando já se é sabido que a tragédia anunciada romperá essa união, é quase impossível conter as lágrimas quando o momento chega. Para o bem ou para o mal, neste sentido este é um trabalho estupendo de James Cameron.

Apesar de sofrer grande preconceito, aparentar ser mais do que verdadeiramente é (fato), ter arrebatado 11 Oscars (incluindo melhor filme e diretor), apesar de não ser unanimidade e quebrar o forte paradigma que super-longas não galgam grandes bilheterias por terem menos sessões diárias, Titanic continua um épico quase irretocável em sua proposta, bonito, com uma ambientação que beira à perfeição, equilibradíssimo quanto aos climas (da aventura, passando pelo romance novelesco até culminar na tensão da tragédia) e visualmente arrebatador. Não traz novidades no âmbito narrativo à indústria cinematográfica, pelo contrário, aposta numa estrutura clássica (e, até então, em desuso) de dramas épicos clássicos como ... E o Vento Levou e Casablanca, por exemplo, mas o faz com esmero e competência, neste que talvez seja o último Grande épico romântico (com G maiúsculo mesmo).

Pra finalizar, não poderia deixar de destacar o desfecho do filme, dono de um tom poético único, que coroa o melodrama - de qualidade - que é Titanic com chave de ouro, visto que nele vemos que Rose finalmente faz as pazes com a tragédia de seu passado e através de um sonho especial, reencontra todos aqueles que a marcaram durante a estadia no navio, em especial o amor de sua vida, Jack Dolson, terminando por nunca mais acordar, deixando a vida através do afastamento da câmera de Jack e indo em direção ao teto, numa clara alusão de que Rose finalmente encontrou sua paz e rumou rumo ao paraíso.

3 D

Em "comemoração" aos 100 anos do terrível acidente (tudo vira evento, não é mesmo?), Titanic foi relançado nos cinemas, dessa vez convertida para a tecnologia 3D, 15 anos após seu lançamento original. Sendo assim, apesar de não apresentar um efeito tridimensional espetacular - o mesmo é bem sutil e, sinceramente, desnecessário -, não tem picaretagem como outras produções recentes convertidas. Entretanto, apesar do 3D não ser um grande destaque, para aqueles que gostaram da viagem há cerca de 15 anos, para quem nunca conferiu o filme ou nunca o viu projetado numa tela de cinema, assisti-lo é imprescindível, pois existem filmes que só têm sua experiência completa na tela grande e Titanic é disparado um destes.

AVALIAÇÃO:
Trailer original:


Trailer do relançamento em 3D:



Mais informações:

Titanic
Bilheteria: Box Office Mojo (1997)/(3D - 2012)

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