10 junho, 2012

O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (The Lord of the Rings: the Two Towers, EUA/NZE, 2002).


"É como nas grandes histórias, senhor Frodo. As que realmente têm importância. Repletas de escuridão e perigo, e as vezes você não queria saber o fim, porque como podiam ter um final feliz? Como o mundo podia voltar a ser o que era depois que tanto mal aconteceu? Mas, no fim, é só uma coisa passageira, essa sombra. Até a escuridão tem de passar. Um novo dia virá. E quando o sol brilhar, brilhará ainda mais forte. Eram essas historias que ficavam na lembrança, que significavam algo. Mesmo que você seja pequeno demais para entender por que. Mas eu acho, senhor Frodo, que eu entendo sim. Agora eu sei. As pessoas destas histórias tinham varias oportunidades de voltar atrás, mas não voltaram. Eles seguiram em frente porque tinham no que se agarrar". (Sam, personagem de Sean Astin, falando a Frodo, personagem de Elijah Wood).

Continuando a jornada iniciada em A Sociedade do Anel, O Senhor dos Anéis: As Duas Torres tem a ingrata tarefa de ser o filme sem "início" e sem "final" da saga, que virá a ser concluída apenas no terceiro filme, O Retorno do Rei. Somando a isso o fato deste ser o filme com mais mudanças em comparação à obra literária original de J. R. R. Tolkien, talvez este tenha sido o mais problemático filme da trilogia, mas por isso mesmo um dos mais impactantes, visto que dá para notar a cada fotograma impresso na tela o cuidado e carinho dos realizadores para com a obra que desejaram "criar" em homenagem a cada um dos entusiastas do texto de Tolkien. Visto que os protagonistas da história encontram-se agora separados após o rompimento da sociedade no desfecho do filme anterior, a estrutura narrativa do filme acaba sendo um pouco prejudicada, pois o diretor Peter Jackson (Almas Gêmeas) e os roteiristas Stephen Sinclair, Phillippa Boyens e Fran Walsh tiveram que estruturar toda a trama do filme em torno destes núcleos de personagens agora separados, tendo que dar destaque equivalente a cada um destes, ação esta dificílima, mas que foi realizada a contento, em especial na versão estendida do filme lançada em 2003, que a exemplo da versão estendida de A Sociedade do Anel, consegue aparar mais pontas sem deixar de ter fluidez do que a versão lançada nos cinemas.

Diferenciando-se do filme anterior desta a paleta de cores - mais acinzentada neste - e pelo clima constante de guerra e terror, As Duas Torres tem como grandes destaques os combates, em especial a magistral batalha no abismo de Helm, épica e visceral, a presença de um dos melhores antagonistas do cinema nos anos 2000, a criatura Gollum (Andy Serkis) e o clima misto de heroísmo e derrota, principalmente ao mostrar dois novos povos até então apenas citados no filme anterior: os cavaleiros de Rohan e os soldados de Gondor, reino do antigo membro da sociedade do anel, Boromir.

Apesar de tecnicamente As Duas Torres continuar primoroso, em alguns momentos já dá para sentir o envelhecimento de alguns efeitos visuais, até mesmo no marco do CGI Gollum, que continua transparecendo vida, mas conferido em alta definição não parece mais tão natural quanto há dez anos, época do lançamento do filme nos cinemas. Entretanto, não há nada que estrague a imersão neste universo, em especial pela competência da equipe liderada por Peter Jackson em construir um mundo fantástico e distinto, mas com um forte toque de verosimilhança e credibilidade. 

Tendo a tripla função de aparar pontas soltas do primeiro filme, dar prosseguimento a jornada de Frodo e cia., além de apresentar novas peças e aprofundar personagens e dilemas ainda não explorados anteriormente, As Duas Torres sagra-se vitorioso em tudo, sem deixar de ter mais sequências de ação do que o filme anterior e, mesmo sem apontar pistas para o desfecho da saga, recria o sentimento de urgência sentido ao final do primeiro filme, resultando assim numa sensação de vazio ao final do longa, visto que a necessidade de assistir ao desfecho da saga do anel torna-se imediata. 

Por fim, quanto as versões de cinema e estendida, ao contrário de A Sociedade do Anel, em que a versão alongada complementa o filme original com competência, mas não o substitui (ainda acho a versão de cinema daquele filme tão boa quanto a com 30 minutos a mais), para mim a versão estendida de As Duas Torres dá um ganho extra ao filme, tornando-o até mesmo mais redondo, visto que a versão de cinema do mesmo possuía algumas fragilidades narrativas e de montagem, possivelmente pela condensação dos eventos em cerca de 170 minutos de projeção, o que o tornava confuso em alguns momentos, principalmente pela já citada separação dos núcleos de personagens. Com isso, acredito que a versão com 40 minutos a mais é mais completa, rica e até mesmo dinâmica do que a versão de cinema.

Miolo de um filme divido em três, As Duas Torres não guarda os momentos mais interessantes da saga do anel, mas sedimenta os dilemas apresentados no capítulo anterior, apresenta uma das maiores batalhas do cinema moderno e, sem dúvida alguma, mantém-se pioneira como promotora do primeiro ser concebido digitalmente mais natural e crível do cinema. Com poucos momentos de respiro - talvez apenas os providenciais momentos com os Entes -, As Duas Torres é ação e tensão do começo ao fim, mesmo que estes em teoria não existam.

AVALIAÇÃO:
Trailer de cinema:

Trailer da trilogia em versão estendida:

Mais informações:
Bilheteria: Box Office Mojo

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