06 outubro, 2014

Como Não Perder Essa Mulher (Don Jon, EUA, 2013).

"Todos amam um final feliz" (Livre tradução da frase disposta no poster do filme).

Estreia de Joseph Gordon-Levitt (Batman, o Cavaleiro das Trevas Ressurge) no comando de um longa-metragem, Como Não Perder Essa Mulher (tradução reducionista e estupidificante do título original, o simples e eficiente Don Jon) é uma comédia romântica "mezzo indie/mezzo mainstream" das mais interessantes e divertidas, especialmente para o público masculino, já que trata de um tema bastante próximo ao da meninada "comandada" pelo hormônio testosterona. Lidando de forma "fácil" com o estigma do homem "viciado" em pornografia ao mesmo tempo em que dispõe tal mácula na figura do típico "pegador" (interpretado pelo próprio Gordon-Levitt), o filme é um oásis no meio de tanto besteirol do gênero, pois resulta em um produto gostoso de assistir sem se furtar de criticar (ou enaltecer) comportamentos e condutas. Contando em seu elenco com as boas participações de Scarlett Johanson (Os Vingadores) e Julianne Moore (Carrie, a Estranha) - além de apresentar (pelo menos para mim) o impagável Tony Danza (Crash - No Limite) - e uma trilha sonora "esperta" (Nathan Johnson, de Looper), o Don Jon Gordon-Levitt pode não ser uma "obra de Woody Allen", mas tem tudo para agradar tanto o público que adora uma "obra pipoca", quanto aqueles que amam títulos cult de nicho (seja lá o que isso for). A bem verdade são dois os públicos que podem torcer o nariz para o filme (e isto nem é certeza): aqueles que defendem a expressão "desligar o cérebro" ao assistir filmes e as mulheres.

Obs.: Se existem homens (incluo a mim) que não se ofendem ao conferir filmes como Magic Mike, acredito que as mulheres assistirão Don Jon "de boa".



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04 outubro, 2014

Sin City 2: A Dama Fatal (Frank Miller's Sin City: A Dame to Kill For, EUA, 2014).

"Não há justiça sem pecado" (Livre tradução da frase disposta no poster do filme).
Não havia achado Sin City - A Cidade do Pecado um grande filme, apesar de ser inegavelmente um exercício estético interessante. Logo, não estava com grande expectativa para conferir esta sequência tardia - nove anos separam o lançamento dos filmes - e isto, de certa forma, contribuiu para que a minha experiência cinematográfica para com a obra dirigida pelo "faz tudo" Robert Rodriguez (Machete Kills) e por Frank Miller - também autor das histórias em quadrinhos nas quais o longa é baseado - fosse a mais "isenta" possível. Sendo assim, apesar de não ser um filme horrível - a crítica estrangeira desceu o sarrafo, enquanto o público não foi conferi-lo -, Sin City 2: A Dama Fatal também não deslancha, mantendo não apenas a forma do filme original, como também a estrutura e apresentando dilemas parecidos. A bem verdade a única novidade do filme se dá no rol de personagens, apresentando caras novas e caras velhas interpretadas por caras novas. Dos novatos, destaco a sempre disposta Eva Green (007: Cassino Royale) e Joseph Gordon-Levitt (A Origem), enquanto da velha guarda aponto Mickey Rourke (Imortais) como o mais dinâmico (apesar de não tão relevante às tramas do filme como o Dwight de Josh Brolin, por exemplo). É fato que os efeitos visuais melhoraram bastante em comparação ao filme de 2005, mas a falta de substância e a violência pela violência já não percebem do frescor daquele, o que, somado ao ritmo lento e o desnivelação entre as três histórias apresentadas, tornam este mais recente fracasso da carreira do já não tão promissor Robert Rodriguez no máximo divertido, mas também dispensável. A recepção fria para com Sin City 2: A Dama Fatal foi exagerada, mas a obra passa longe de ser espetacular, sendo mais uma sequência que tenta repetir os passos bem sucedidos (para alguns) do original emulando praticamente tudo do mesmo. Dessa vez o tiro saiu pela culatra e, possivelmente, enterrou qualquer pretensão de franquia para a criação de Frank Miller.


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Coração Valente (Braveheart, EUA, 1995).

"Todo homem morre, mas nem todo homem realmente vive" (Livre tradução da frase disposta no poster promocional do filme).
Coração Valente é um caso raro de filme. Devido a conexão emotiva que possuo com a obra - minha infância foi agraciada com a descoberta da obra -, fica difícil separar a relação afetiva para com ela do olhar crítico quanto as suas qualidades técnico-artísticas, mas tentarei chegar em um meio termo. Estrelado e dirigido por Mel Gibson (Máquina Mortífera), Coração Valente é uma livre adaptação da história de um ícone escocês, William Wallace - interpretado pelo próprio Gibson -, mártir da luta do país contra a dominação inglesa (ecos que existem até então). Escrito pelo então pouco conhecido Randall Wallace, a trama do filme é estruturada  basicamente sob o auspício da dita jornada do herói e, verdade seja dita, não guarda grandes viradas de trama, todavia, seu convencionalismo (no bom sentido) é tão bem encaixado que seu poder de influência mantém-se vivo até hoje. Wallace despontou com o filme, mas nunca mais conseguiu alcançar sucesso semelhante, seja como roteirista (Pearl Harbor), seja como diretor (O Homem da Máscara de Ferro, Fomos Heróis). Todavia, sejamos justos; o tom "lacrimoso" dos textos concebidos por Wallace só encontraram relativo "equilíbrio" através da perspectiva "distorcida" (sanguinolenta, retributiva) de Gibson. É possível apontar alguns problemas técnicos no vencedor do Oscar de 1995, especialmente nos quesitos montagem (Steven Ronsenblum, de Plano de Fuga) e efeitos especiais (apesar de empolgantes, alguns elementos das batalhas já se apresentam relativamente frágeis, até por que lá se vão quase vinte anos deste a confecção do filme), todavia a condução da trama - maniqueísta, mas agradável - e das personagens que passeiam por esta, aliadas ao carisma/competência dos seus intérpretes (Brendan Gleeson, Brian Cox, Sophie Marceau, David O'Hara, Catherine McCormack), além do embate "sangue no olho" entre Gibson e o excelente Patrick McGoohan (Fuga de Alcatraz), que vive o odiável Rei Edward I. Por fim, completam a obra a espetacular trilha sonora composta e conduzida por James Horner (Titanic) - sim, o cara costuma se repetir, mas aqui apresenta um trabalho melódico e de harmonia primoroso - e a fotografia de John Toll (Homem de Ferro 3), que registra imagens deslumbrantes sob suas lentes, sejam das belíssimas locações escocesas, seja das batalhas orquestradas por Mel Gibson. Como adiantado, Coração Valente é um dos poucos filmes dos quais admito ter dificuldades para separar o coração da razão ao comentá-lo, pois reconheço que, observando-o com um olhar mais maduro, seja do ponto de vista técnico, seja como espetáculo, é notório que o filme envelheceu um pouco, especialmente no quesito profundidade (quando visto há dez anos este parecia ser mais profundo do que é na realidade), no entanto, sua capacidade de influenciar outras obras, cinematográficas ou não, continua forte até hoje, o que, por si só, pode ser considerado como um atestado de sua qualidade e relevância para o cinema como misto de arte e entretenimento. Sendo assim, deixo o "tico e teco" de lado e delego meu coração como validador deste épico dos épicos, que não poderia deixar de escaloná-lo com a cotação máxima de estrelas. Coração Valente é um filme perfeito para vibrar, chorar e, principalmente, acreditar, seja você cínico, bobo, político ou sacana, pois, no fim das contas, o que pesará é o tanto de humano ("do bem ou do mal", pouco importa) que você carrega. Liberdade!

 
 
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