29 abril, 2014

O Grande Truque (The Prestige, EUA, 2006).

"Você está observando atentamente?" (Livre tradução da frase do poster do filme).
Sou do time Christopher Nolan. Até hoje não assisti uma obra sequer assinada pelo cineasta inglês que não fosse minimamente interessante, provocativo ou esteticamente agradável. Fã assumido de Alfred Hitchcock e dos grandes nomes das décadas de 1970/1980 (Spielberg, Coppola, Scorsese, Kubrick etc.), Nolan adora cercar suas obras de mistério, além de buscar ultrapassar o limite do "contar uma história", brincando estética e conceitualmente na confecção de seus filmes, entregando obras que possuem uma linha narrativa bem definida (óbvia, para alguns), mas cujo conteúdo se desdobra em diversos outros temas a serem refletidos.

Com O Grande Truque, de 2006, não poderia ser diferente. Retomando a parceira com seu irmão Jonathan Nolan (ambos haviam trabalhado juntos no clássico cult Amnésia), Christopher opta por adaptar o romance de Christopher Priest como seu trabalho posterior à sua adaptação de Batman (Batman Begins), que trata de temas caros à cinematografia do cineasta, como a obsessão, a resolução de conflitos internos e a superação contínua de obstáculos. A trama do filme entrelaça a vida de dois mágicos na Inglaterra do final do século XIX, cujos desejos de se tornarem grandes confunde-se com o próprio seus próprios ideais de vida, tornando a relação entre ambos pra lá de conflituosa (o que é agravada pela possível contribuição de um deles à morte da esposa do outro). A tensão externalizada pelos intérpretes de Robert Angier e Alfred Borden, respectivamente Hugh Jackman (Wolverine: Imortal) e Christian Bale (Trapaça), é um dos grandes trunfos do filme. Tanto Jackman quanto Bale encorpam as personas de seus respectivos personagens com muita densidade e nuances, complementando com sutileza (e, vez ou outra, exasperação) o bom texto produzido pelos irmãos Nolan.

Além da dupla de protagonistas, a obra conta com ótimos nomes preenchendo os papéis de suporte. Michael Caine (Vestida para Matar), Scarlett Johansson (Capitão América 2: O Soldado Invernal), Andy Serkis (Planeta dos Macacos - A Origem), David Bowie (Labirinto), Rebecca Hall (Homem de Ferro 3) e Piper Perabo (Looper) servem muito bem como escada aos mandos e desmandos cometidos por Angier e Borden, mas, dentre estes, certamente o destaque recai para o veterano Caine (cada vez mais a vontade no papel de mentor) e para Bowie, que comprova (mais uma vez?) ser um bom ator. O enredo recheado de mistérios, magia e "ciência" certamente ganha vida através dos nomes que compõem o elenco do filme, provando que Nolan tem um bom olho para escalar os nomes certos para os personagens adequados.

Tecnicamente o filme é primoroso. O trabalho de fotografia de Wally Pfister (indicado ao Oscar pelo trabalho, mas premiado posteriormente por A Origem) salta aos olhos - tanto na questão de enquadramento quanto em iluminação e composição de cenas -, enquanto o desenho de produção (Nathan Crowley e Julie Ochipinti, de John Carter - Entre Dois Mundos), a direção de arte de Kevin Kavanaugh (Transformers) e os figurinos de Joan Bergin (Em Nome do Pai) constroem simbolicamente o universo pretendido pelo filme, fazendo com que o espectador seja transportado para um período histórico relativamente próximo, mas não necessariamente completamente "real". Há muito contraste entre verdade e mentira, afirmação e falácia, concreto e simulacro, e a equipe de arte, juntamente ao fotógrafo e ao conjunto do elenco conseguem ajudar ao roteiro e a direção de Nolan no objetivo primeiro do filme: iludir. A música concebida pelo "desconhecido" David Julyan (O Segredo da Cabana) cumpre bem o seu papel, entrelaçando temas incidentais à trilha sonora original. Nada de surpreendente, mas bem encaixado ao longa. Por fim, é válido citar o caprichado trabalho de montagem a cargo de Lee Smith (Elysium, Ender's Game - O Jogo do Exterminador), colaborador habitual de Nolan (ao lado de Pfister), que dá o tom "certo" à obra.

Engenhoso e contagiante, O Grande Truque não foi um grande estouro de bilheteria (faturou pouco mais de 109 milhões de dólares, contra um orçamento de aproximadamente 40 milhões), nem foi (ou é) abraçado como um dos melhores trabalhos de Nolan por grande parte do público, todavia, isso é uma baita de uma injustiça, pois sem sombra de dúvidas esta é uma das obras mais interessantes, bem realizadas e redondas já concebidas pelo cineasta. Da brincadeira com as etapas de um bom truque de mágica à sua conexão com o conceber da arte cinematográfica - muitos consideram este filme como um tributo de Nolan ao cinema -, O Grande Truque agrega e constrói, entretêm e faz pensar, mesmo que, no final das contas, sua conclusão não leve a lugar algum. Lições à parte, acredito que um grande filme é construído através de sua jornada, não de sua conclusão e alço este "filho bastador" de Christopher Nolan ao patamar de pequeno grande filme.

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25 abril, 2014

Capitão América 2: O Soldado Invernal (Captain America: The Winter Soldier, EUA, 2014).


Capitão América 2: O Soldado Invernal pode ser considerado como uma ótima grande surpresa. Sequência do simpático filme de 2011, este filme-miolo entre o primeiro Os Vingadores e sua sequência (a ser lançada em 2015) dá um novo gás ao personagem título, tanto em estilo quanto conceitualmente, visto que aposta em uma trama não apenas contemporânea pelo fato de ser ambientada nos dias de hoje, mas principalmente por tratar, mesmo que de forma superficial, de assuntos muito em voga no momento, como a espionagem norte-americana frente a outras nações (Edward Snowden?) e, como não, de terrorismo. O bacana é que o tom do filme - levemente referente ao cinema de espionagem da década de 1970 - serve à trama e, quando conjugado ao bom desempenho do elenco principal e as interessantes sequências de ação acabam por tornar este um dos melhores títulos da Marvel Studios.

Dirigido pelos "novatos" Anthony e Joe Russo (Dois é Bom, Três é Demais) e contando com o retorno de nomes como Chris Evans (Sunshine - Alerta Solar), Scarlett Johanson (Compramos um Zoológico) e Samuel L. Jackson (RoboCop) ao elenco, além de marcar as (ótimas) estreias de Anthony Mackie (Sem Dor, Sem Ganho) e de Robert Redford (Até o Fim) em filmes de super-heróis, Capitão América 2: O Soldado Invernal é, de certa forma, um divisor de águas na filmografia Marvel, pois apesar de toda estrutura montada pelo estúdio com o intuito de construir certa unidade as suas produções, tem-se aqui um filme que, em essência e abordagem, tenta fugir do esquema, sair da redoma, sem necessariamente precisar romper com o trabalho realizado pelos demais filmes Marvel até então, mas imprimindo uma característica distinta, menos aproximada do humor e mais a vontade como um filme de ação. Há um quê de espionagem no filme, mas é inegável que seu foco reside na ação e, como uma obra de ação, esta funciona quase que de forma impecável.

Apesar de não ter ressalvas quanto ao personagem, não deixa de ser surpreendente o fato de que um dos melhores trabalhos cinematográficos apresentados pela Marvel se deu através de um de seus personagens mais "quadrados" e cuja empatia não é, nem de longe, unânime (quantos não se sentem repelidos já pelo nome e/ou uniforme do personagem?). E tanto os promissores irmãos Russo quanto os competentes roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely (Thor: O Mundo Sombrio) conseguiram apresentar aqui, de forma objetiva mas coerente, um filme de super-herói que desperta interesse do início ao fim, seja pelas ótimas sequências de ação e pelos diálogos corretos, seja pela ótima química do elenco ou até mesmo pelas referências dispostas tanto ao filme anterior, quanto aos demais lançamentos Marvel. Não me encaixo no grupo dos detratores de Homem de Ferro 3, mas não há dúvida alguma em apontar este Capitão América 2 como o melhor trabalho da Marvel Studios ao lado do primeiro Homem de Ferro (sim, apesar de bacana, Os Vingadores fica em segundo plano).

A soma de história bem contada e interessante, personagens carismáticos, sequências de ação inspiradas - o estilo luta Jason Bourne continua vivo - e a sugestão de temas um tanto profundos para debate - além da espionagem, há um trabalho de humanização do personagem Steve Rogers (Evans) muito bacana, mesmo que de forma rápida - fazem deste o filme mais completo do estúdio, que possui todas as ferramentas para agradar tanto aos fãs das histórias em quadrinhos quanto aos entusiastas de cinema. Há toda uma concentração no desenvolvimento climático do filme, que é conduzido num crescendo, entrecortando cenas de grande impacto com outras mais leves, mas sem apelar para o alívio cômico periódico (como os filmes de Thor) ou para a superexposição do personagem principal (é óbvio que o Capitão América é o protagonista do filme, mas ainda assim há espaço para o desenvolvimento e a participação ativa de quase todos os personagens coadjuvantes que o circundam).

Tecnicamente, Capitão América 2: O Soldado Invernal também surpreende. O trabalho fotográfico de Trench Opaloch (Distrito 9, Elysium) privilegia a câmera de mão e os enquadramentos mais próximos a linguagem dos documentários, optando por captar os eventos de forma quase voyeurística, o que, ao lado do trabalho dos coreógrafos do filme, ajuda a dar a dita cara "Bourne" ao filme. Os efeitos visuais mostram-se orgânicos, enquanto o design de produção de Peter Wenham (O Ultimato Bourne) consegue moldar a estética Marvel a um estilo mais "cinza", menos colorido que os demais filmes da empresa. Por fim, ressalto o trabalho de Henry Jackman (Capitão Phillips) como arranjador e compositor da trilha sonora incidental do filme, que cria temas bacanas que acompanham a trama do filme, além de aproveitar com sobriedade as ideias (e temas) de Alan Silvestri (Contato) no filme anterior.

Apresentando um protagonista interessante (mérito da composição de Chris Evans, mostrando-se mais do que à vontade no papel) e uma trama empolgante, Capitão América 2: O Soldado Invernal já pode ser apontado como um dos grandes destaques da safra verão 2014, pois mostra-se competente como espetáculo sem precisar inferiorizar o espectador. Não que o filme prime pela inteligência ou exija muito, mas é perceptível um cuidado especial dos envolvidos em não produzir algo apenas descartável, pois há sim alguns bons pontos de discussão apontados na obra, mesmo que a diversão seja seu objetivo principal. O longa dos irmãos Russo não é perfeito - vez ou outra a pirotecnia surge exagerada -, mas a competência apresentada é suficiente para agradar até mesmo o mais exigente dos consumidores de cinema (pipoca).

½

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23 abril, 2014

Noé (Noah, EUA, 2014).


Interpretação artística de uma passagem bíblica, Noé certamente é o projeto mais arriscado do cineasta norte-americano Darren Aronofsky (Réquiem para um Sonho), nome badaladíssimo no cenário de filmes independentes, que acabou lançado ao dito "estrelato" após seus dois últimos êxitos de crítica e bilheteria, o drama de baixo orçamento O Lutador, que acabou retomando a carreira do problemático Mickey Rourke (o mesmo venceu o Globo de Ouro e o Oscar pelo papel título do filme) e o emblemático Cisne Negro, talvez um dos filmes mais queridos de 2010, que deu a Aronofsky sua primeira indicação ao Oscar e coroou o desempenho de Natalie Portman (Thor: O Mundo Sombrio) com sua primeira estatueta de melhor atriz.

Todavia, apesar de despertar bastante atenção midiática, o cineasta até então abraçara apenas projetos de baixo/médio orçamento, calcados quase que totalmente no trabalho de direção e atuação, sem o apoio de efeitos visuais (à exceção de Fonte da Vida) ou de cenas de contorno épico. A bem verdade, mesmo que seu cinema não possa ser classificado como intelectual ou complexo/complicado, até então seus filmes não haviam sofrido processo de alteração ou adequação as plateias, tendo estas que comprar ou não as ideias apresentadas, fossem estas mais indigestas (Pi, Réquiem para um Sonho) ou nem tanto (O Lutador, Cisne Negro). Eis que, após a consagração inequívoca obtida com seu último filme e após abandonar o projeto de filmar o novo longa do "herói" dos quadrinhos Wolverine - projeto este que acabou nas mãos de James Mangold e tornou-se Wolverine: Imortal -,  Aronofsky investe numa ideia que o acompanhava desde tempos imemoriais: uma versão cinematográfica, autoral e, por que não, fantástica de uma das personalidades mais conhecidas do mundo ocidental (seja você religioso ou não), Noé.

Estranhamento a parte, é fato que, apesar de alguns pequenos detalhes - logo mais estes serão apontados -, sua visão particular do cânone bíblico saiu melhor que a encomenda, ultrapassando a pecha de filme bíblico e até mesmo desconstruindo (em parte) o que num primeiro olhar poderia ser interpretado como apenas uma fantasia. É justamente no campo da interpretação, através do auxílio de metáforas (textuais e estéticas) e da materialização de alguns dilemas existenciais tão próximos ao homem de hoje quanto daquele vivo há tempos imemoriais (supõe-se) que a trama de extinção da espécie humana, do desencontro entre criatura(s) e criador, da busca por amor e afeição em confronto ao ódio e ao repúdio, que a obra cresce. Pois uma coisa é certa, todo o carnaval e parafernália visual do filme é posto com o intuito de contextualizar ideias que até hoje atormentam a humanidade, questionamentos básicos que ganham desdobramentos altamente complexos, que perpassam desde "de onde viemos" e "para onde vamos" até "o que nos faz humanos" e "o que seria ser humano".

Todavia, apesar de estabelecer paralelos entre divindade e homem, entre o ontem e o hoje, o Noé de Aronofsky acaba caindo em algumas armadilhas narrativas, certamente em favor do espetáculo. O discurso reducionista (quando "conveniente") dado a alguns personagens - como o Tubal-cain interpretado por Ray Winstone (A Invenção de Hugo Cabret) - prejudicam a densidade do debate, enquanto outros não possuem um desenvolvimento mais aprofundado (como os filhos de Noé, Ham e Shem, vividos por Logan Lerman e Douglas Booth, respectivamente). Em contrapartida, Russel Crowe (Os Miseráveis) está um monstro e muito bem acompanhado pela sempre competente Jennifer Connely (Cidade das Sombras). Anthony Hopkins (O Silêncio dos Inocentes) completa o elenco principal mas, apesar de ter seus momentos, sua contribuição não faz assim tanta diferença (do ponto de vista narrativo) à construção da história. Com isso, não digo que o descarte de seu Matusalém não prejudicaria a obra, mas certamente sua presença não tem uma importância estratégica.

Saindo do escopo de conteúdo, o que dizer do filme esteticamente? Mesmo que os efeitos visuais não funcionem à perfeição em muitos momentos - o fato do filme ter sido convertido (de forma apressada) para o 3D certamente teve influência no resultado final apresentado -, a construção e o desenho de produção do filme é interessante, mas dentre todos da equipe técnica talvez o que mais se destaque seja Matthew Libatique (Segredos de Sangue), cujo trabalho de fotografia une de forma orgânica os dois mundos abraçados pela obra: o entretenimento mainstream e o filme de ideias. Mesmo que em alguns momentos a opção por uma linguagem, digamos, convencional acabe causando estranhamento, após vislumbramos sequências como a que apresenta a criação do mundo e da humanidade até os dias de hoje, em frames acelerados, como também a germinação de uma semente que dá origem a todo um novo ecossistema (ambas as sequências apresentadas com a estética preferida por Libatique e Aronofsky, presente em todos os filmes assinados pela dupla até então).

Bonito e minimamente provocador (certamente pelos motivos que você não esperava), este Noé concebido por Darren Aronofsky - homem nascido em berço judaico, mas que hoje se posta como ateu - pode não seguir ao pé da letra os comandos bíblicos (cujo referencial matriz é bem resumido e pouco detalhado, por sinal), mas acerta ao adaptar as características dispostas no texto original (há controvérsias quanto a esta originalidade, mas esta discussão não caberia aqui) tanto ao público de hoje, quanto às angústias do homem contemporâneo. Muitos podem classificar esta obra como fantasia delirante ou baboseira revisionista (seja lá o que isso queira dizer), mas é inegável que, assim como por trás de criaturas disformes e amarguradas (um dos maiores acertos do filme) encontram-se entidades primordiais (ou anjos) presos à conjuntura terrena, através de um caleidoscópio de imagens é possível perceber e abstrair significados e significantes distintos, mas cuja ideia central remonta àqueles questionamentos metafísicos já comentados mais acima e que seguem encucando a humanidade desde seu auto-descobrimento como ser pensante.  

Noé pode até não alcançar a perfeição pretendida e suas lacunas diminuírem-no como obra artístico-cinematográfica, mas é inegável seu impacto como semeador de reflexões e só por isso já vale a pena debruçar-se sobre a terra antiga, habitada por homens e entidades, quando as dores a aflição pela proximidade do cometimento do pecado original ainda eram sentidos e vividos de forma pura e verdadeiro por aqueles. Terra-Média ou Velho Testamento, pouco importa a referência buscada, o fato é que Noé se mostra como um filme interessante, seja como entretenimento, seja como catalisador de ideias. Entretanto, apesar de ter saído contente com o que vi, ainda prefiro que Darren Aronofsky continue a trabalhar com um cinema menos arrebatador visualmente e mais libertador no que se refere as ideias.

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18 abril, 2014

Identidade (Identity, EUA, 2003).

"A identidade é um segredo. A identidade é um mistério. A identidade é um assassino".
"O segredo encontra-se lá dentro"

(Livre tradução das frases dispostas no poster promocional do filme).
Muletas à parte, Identidade é um thriller de mistério muito bem bolado e executado, estrelado por um elenco de caras conhecidas (pelo menos à época) e conduzido com esmero pelo subestimado diretor James Mangold - passaram por suas mãos filmes tão díspares como CopLand, Johnny & June, Os Indomáveis e Wolverine: Imortal, por exemplo -, que acerta técnica e narrativamente, construindo ao lado do roteirista Michael Cooney (Identidade Paranormal) um obra intrincada, mas não necessariamente complexa, que envolve o espectador no velho jogo de adivinhação de quem, dentre os dez estranhos alocados num motel de beira de estrada, seria assassino. Compacto (são aproximadamente noventa minutos de projeção) e possuidor de um clima que prestigia a tensão, o filme parece levemente inspirado em obras da escritora britânica Agatha Christie, especialmente na questão do confinamento de pessoas suspeitas do mesmo crime.

Passeando por elementos estruturais que ora dão ao filme um tom realista, ora sugerem que este se trata de um conto estilizado ou até mesmo de uma alucinação sofrida por algum dos personagens, o clima de mistério enraizado tanto à trama quanto a condução do longa dão a ele um tom particular, que é aproveitado com inteligência por Mangold e pelo elenco, todos conjugados com o intuito não apenas de provocar o espectador, mas também de provocar confusão no mesmo, embasbacá-lo, ludibriá-lo. O desfecho é revelador, podendo inclusive causar certo estranhamento por parte do espectador, mas se este refletir um pouco acerca dos eventos apresentados até então - e não for à caça de possíveis furos de roteiro - certamente irá apreciar tanto a resolução quanto a jornada proporcionada pelo filme. Misto de "fantasia" e jogo psicológico, Identidade encaixa-se na categoria de filmes que desejam forçar a mente do espectador, apresentando pistas que podem ajudar (ou não) ajudar a revelar seus segredos, mas sem nunca destratá-lo, pois apesar da virada de mesa ao seu final, nada soa gratuito ou como enrolação.

Apesar de ser obviamente estrelado por John Cusack (Obsessão), o restante do elenco tem peso suficiente para despertar interesse através de suas personagens, pois cada uma destas tem particularidades com potencial para despertar curiosidade imediata. Dentre aqueles mais interessantes encontram-se os interpretados por Amanda Peet (2012), Ray Liotta (O Homem da Máfia) - canastrão como sempre - e John Hawkes (Inverno da Alma), além de Pruitt Taylor Vince (O Indomável - Assim é Minha Vida), que rouba a cena em uma curta mas providencial participação. É válido o registro das participações de nomes como Alfred Molina (O Vigarista do Ano), Jake Busey (Tropas Estelares), Clea DuVall (Argo), John C. McGinley (Platoon) e da musa oitentista Rebecca De Mornay (A Mão Que Balança o Berço). É através da caracterização dos personagens que a trama engrena, logo, o elenco merece ser destacado como uma das peças principais para o pleno funcionamento das engrenagens que conduzem o filme.

Recebido de forma morna à época de seu lançamento, Identidade é um filme que merece ser redescoberto (ou revisitado por aqueles que o viram há mais de uma década), pois apresenta-se interessante não apenas do ponto de vista narrativo, mas também no âmbito estético, seja por sua fotografia escura e um tanto estilizada - a cargo do grego Phedon Papamichael (recentemente indicado ao Oscar por seu belo trabalho no filme Nebraska) -, pelo desenho de produção (a cargo de Marl Friedberg, de Noé) que mistura "realidade" a "sonho/pesadelo", sem tornar tal junção óbvia ou pela montagem redondinha - e entrecortada com brilhantismo - apresentada por David Brenner (O Homem de Aço), além de contar com uma trilha sonora afiada e complementar à narrativa, composta e executada pelo mestre Alan Silvestri (Contato). Em suma, Identidade é daqueles filmes cuja primeira experiência poderá ser definitiva, portanto, prepare-se bem antes de dar o play.

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12 abril, 2014

Na Teia da Aranha (Along Came a Spider, EUA, 2001).


"O jogo está longe de acabar" (Livre tradução da frase disposta no poster do filme).
Lançado quatro anos após Beijos Que Matam, Na Teia da Aranha é uma sequência tardia do sucesso noventista - é perceptível o envelhecimento de Morgan Freeman -, mas que apesar de possuir uma trama menos interessante (há certos exageros que a tornam pouco verossímil) acabou agradando ao público, acabando por se tornar um relativo sucesso de bilheteria. Adaptação do primeiro livro da série Alex Cross de James Patterson - fazendo caminho semelhante ao tomado pelas duas adaptações cinematográficas das obras de Dan Brown, O Código Da Vinci e Anjos e Demônios -, tem-se aqui uma obra menos próxima ao suspense investigativo/criminal do longa anterior e mais afeta à ação (inclusive com toques de Missão: Impossível!), talvez devido a direção do neozelandês Lee Tamahori (007 - Um Novo Dia para Morrer, O Vidente), mais conhecido por seus trabalhos "frenéticos".

Mesmo não sendo um filme ruim, é perceptível que os principais destaques obtidos pelo longa anterior não conseguem ser repetidos por esta sequência. À exceção da composição de personagem e comprometimento de Freeman (que, apesar de tudo, mostra certo cansaço em comparação a Beijos Que Matam), temos em Na Teia da Aranha menos personagens interessantes, um plot mais dinâmico - o roteiro coube ao estreante Marc Moss, que pouco mais de uma década depois viria a escrever o reboot da série Alex Cross, o mediano A Sombra do Inimigo -, porém menos envolvente e mais afeito ao exagero, o que acaba destoando um pouco o filme do anterior. É certo que a linha narrativa que conduz a trama chama a atenção, mas alguns detalhes na construção desta trama não convencem, o que acaba diminuindo um pouco o apelo do filme.

Outros pontos que não favorecem ao filme encontra-se na escalação do elenco. A parceira de Alex Cross (Freeman), interpretada pela bela e inexpressiva Monica Potter (Patch Adams - O Amor é Contagioso), não tem profundidade alguma e causa mais antipatia que envolvimento, enquanto o vilão vivido por Michael Wincott (O Corvo), apesar de bem apoiado pela voz grave e imponente do ator, revela-se risível quando a fundamentação de suas ações são reveladas. Já Dylan Baker (Homem-Aranha), geralmente um ator competente, compõe aqui um personagem sem carisma e particularmente inútil à trama (sendo isto culpa de Moss, não do ator). Logo, nota-se que sobra à Morgan Freeman a missão solitário de segurar o filme, o que o mesmo consegue, quando não sabotado pelos ataques de exagero cometidos por Marc Moss.

Contudo, nem só de falta vive Na Teia da Aranha, já que existem alguns aspectos no filme que inclusive superam os do longa anterior. Primeiro temos aqui uma trilha sonora mais encorpada e empolgante que a realizada anteriormente por Mark Isham (42 - A História de uma Lenda), aqui composta e orquestrada pelo mestre Jerry Goldsmith (A Profecia), que complementa o clima de ação do filme, sem esquecer de sugerir suspense entre cenas. Também a direção de Lee Tamahori acrescenta características distintas das apresentadas por Gary Fleder em Beijos Que Matam, orquestrando melhor as sequências de ação - sendo possível destacar a direção do prólogo - e empregando um bom ritmo ao filme como um todo. Falta-lhe o cuidado na condução das cenas mais dramáticas, mas como estas acabam não sendo bem trabalhadas pelo roteiro, tal escorregada acaba não indo para a conta de Tamahori.

Conseguindo cumprir a missão de entreter sem exigir demais do espectador, talvez o maior problema de Na Teia da Aranha resida na oscilação de qualidade de sua premissa - escancarada pelo roteiro problemático -, que exagera no número de situações implausíveis postas à trama com o intuito de eletrizar o espectador, mas que acaba por afastar o mesmo, já que extrapola o dito "aceitável" para uma obra cujo objetivo deveria ser "pé no chão". Talvez parte da culpa desta tendência hiperbólica do filme resida no fato de que à época vivia-se o segundo furor da computação/informática, o que é perceptível nas inúmeras cenas repletas de computação gráfica (hoje risíveis) e/ou explosões. 

O fato é que, apesar dos méritos desta e de outras obras baseadas em livros de James Patterson, ainda não foi produzida uma que preservasse a essência dos thrillers policiais escritos pelo popular escritor. Será que as obras de Patterson não casam bem com a mídia cinema? Prefiro acreditar que não, que apenas precisa receber um tratamento de alguém que entenda melhor tanto da linguagem cinematográfica quanto do estilo abraçado pela série de livros do autor. Enquanto isso, ficamos a mercê de versões medianas das obras protagonizadas pelo detetive Alex Cross, como esta Na Teia da Aranha.

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09 abril, 2014

Beijos Que Matam (Kiss the Girls, EUA, 1997).

"Um detetive está à procura de um colecionador mortal. Sua única esperança é a mulher que fugiu dele" (Livre tradução do texto disposto no poster promocional do filme).

Primeira adaptação cinematográfica de uma obra do best-seller James Patterson, Beijos Que Matam carrega consigo o peso do autor e a forte presença de Morgan Freeman (Medo da Verdade) - que compõe uma ótima versão do detetive Alex Cross -, além de contar com uma participação de destaque da até então "desconhecida" Ashley Judd (Tempo de Matar), mas a falta de grande surpresas e o prolongamento do filme acabam por comprometer um pouco do seu resultado final, que acaba funcionando como thriller policial, mas sem alcançar o nível de obras-chave do gênero também lançadas na década de 1990, como O Silêncio dos Inocentes, de Jonathan Demme e Se7en - Os Sete Crimes Capitais, de David Fincher.

A direção de Gary Fleder (O Júri), se não surpreende, surge correta, explorando com razoável equilíbrio as sequências de ação e suspense (que uma obra do gênero pede) e desenvolve bem a relação entre as personagens de Freeman e Judd, o que pode ser posto como um dos maiores acertos do filme, já que acentua no mesmo uma maior densidade dramática. Logo, mesmo não sendo nenhum Demme ou Fincher, Fleder desempenha aqui um trabalho bacana como diretor. Em contrapartida, o roteiro adaptado por David Klass (Medidas Desesperadas) acaba não funcionando plenamente, falhando especialmente na resolução do último ato (excessivamente apoiado em clichês dos mais cansados da dita "literatura policial"). Todavia, tendo como mote de observação a estrutura de roteiro abraçada por Klass, é notório o respeito que o mesmo teve ao estilo de escrita dos romances de James Patterson - prólogo, desenvolvimento da trama principal, pequeno interlúdio e fechamento abrupto -, faltando apenas um arranjo mais cuidadoso à mídia cinema, pois o que funciona em texto não necessariamente é cabível quando transposto ipsis litteris para o cinema (Dan Brown que o diga).

No geral o roteiro e a direção de Beijos Que Matam funciona, mas ainda assim parece faltar um ânimo a mais ao filme, especialmente no que se refere ao desenvolvimento dos climas de mistério, suspense e, por que não, horror - assim como os filmes listados no início do texto, este também trata de uma investigação criminal que envolve um assassino serial -, que são implicitamente "pedidos" para a consecução da trama. Sendo assim, faltou equilíbrio entre o que (teoricamente) fora pretendido pelos realizadores e o produto final entregue por estes. Some-se a isso o fato de que os créditos iniciais já sugeriam a identidade do assassino - o sujeito mais atento vai desconfiar da ordem dos nomes dispostos na abertura do filme - e temos um roteiro com potencial, mas que escorrega nos próprios pés.

Visualmente comum - Fleder e o diretor de fotografia Aaron Schneider (Pequeno Milagre) não saíram do básico - e sem uma trilha sonora que amplifique os ânimos (Mark Isham, assim como quase todos no filme, faz aqui um trabalho apenas correto), Beijos Que Matam consegue manter a atenção do espectador e apresenta alguns lampejos de brilhantismo, mas estes não são materializados suficientemente a ponto de tirar o filme do lugar-comum, do óbvio para o surpreendente. Talvez respeitoso demais à obra original ou talvez incapaz de captar a essência da mesma, o certo é que o filme funciona no limite do aceitável, muito graças a química e carisma da dupla protagonista e dos lampejos de criatividade de Fleder na direção. No mais, uma peça de entretenimento cuja promessa não materializou-se de forma completa.

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05 abril, 2014

Detona Ralph (Wreck-it Ralph, EUA, 2012).


Lançado antes do furacão de crítica e público (por fim oscarizado) Frozen - Uma Aventura Congelante, Detona Ralph é uma animação para lá de divertida, tecnicamente deslumbrante e conduzida de forma coerente por Rich Moore (Os Simpsons, Futurama), que juntamente a dupla de roteiristas formada por Phil Johnston (Um Negócio Nada Seguro) e Jennifer Lee (Frozen) apostam numa trama ao mesmo tempo reverente ao universo dos games e surpreendente narrativamente, com direito a plot twist e final épico. Feito tanto para os inteirados no mundo dos jogos eletrônicos (novos e antigos) quanto aos espectadores ocasionais (me incluo nesta categoria), Detona Ralph pode ser tido como o alicerce desta "nova" Disney Animation, que já havia se mostrado de forma comedida em animações como A Princesa e o Sapo (2009) e Enrolados (2010) e obteve consagração inequívoca com Frozen.

O ritmo ágil e a apresentação de personagens carismáticos, além da presença de celebridades "gamerísticas" são alguns dos elementos que se destacam desde o início do filme, fazendo com que a atenção do espectador seja capturada de forma imediata. A relação entre as personagens Ralph e Felix lembra um pouco a dinâmica apresentada pelos protagonistas da animação Megamente, da rival DreamWorks Animation, só que de forma menos antagônica e um tantinho mais profunda. O trabalho de voz de John C. Reilly (Precisamos Falar Sobre o Kevin) e Jack McBrayer (Ressaca de Amor), que interpretam Ralph e Felix, respectivamente, é muito bacana, acrescentando as nuances necessárias ao desenvolvimento de seus personagens através da composição de voz e do tom/timbre aplicado. Completam o bom elenco de voz Sarah Silverman (Os Muppets), Alan Tudyk (42 - A História de uma Lenda) e Jane Lynch (Paul - O Alien Fugitivo) - que repete as características de quase todos os seus personagens, mas a graça está justamente aí.

O escopo visual da animação é brilhante, seja pela resolução cristalina de seus ambientes, seja pela caracterização dos universos fora e dentro das máquinas de fliperama. A movimentação distinta das personagens, cuja relação encontra-se na "geração" (tecnologia) de jogos aos quais pertencem, é genial, o que dá um caráter todo especial a Detona Ralph. A equipe de arte liderada por Ian Gooding (O Galinho Chicken Little) também merece aplausos, pois consegue criar vários mundos (jogos) minimamente interessantes dentro do cenário principal do filme, à exceção do reino doce, cuja concepção é toscamente atrativa (vai entender!). Por fim, destaco o trabalho musical de Henry Jackman (Capitão Phillips), que estabelece as características de cada um destes mundos de forma apropriada e reconhecível.

Talvez mais interessante aos olhos da garotada (especialmente dos meninos) do que ao público adulto, Detona Ralph é interessante tanto como aventura quanto como estudo de personagem/caráter, especialmente quando começa a resolver as arestas apresentadas em seu início, onde temas como vingança, egoísmo e mau-caratismo são finalmente expostos de forma clara, coroando assim a profundidade de discussão pretendida pelo filme desde seus primeiros frames. Autorreferente - além do mundo dos games, o filme trata do avanço tecnológico nas últimas décadas e, por que não, da própria indústria das animações -, Detona Ralph acabou ganhando a alcunha de "Toy Story dos games", marca esta com a qual não concorda, já que tanto os temas como o próprio universo e condução das obras são quase que completamente diferentes. Você acha similar ou não, o certo é que tanto a trilogia do brinquedos que ganham vida quanto esta epopeia pelos arcades vintage são ótimas obras, que nos mostram bem mais do que uma primeira impressão poderia sugerir.

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04 abril, 2014

Álbum de Família (August: Osage County, EUA, 2013).

"A miséria ama a família" (Livre tradução do texto disposto no poster do filme).
Elenco estelar, autor consagrado, diretor em ascendência e um par de indicações ao Oscar formam o currículo principal da peça filmada intitulada por aqui como Álbum de Família (no original, August: Osage County). Dramalhão carregado - seja no texto, seja na coleção de atuações graúdas -, o longa conduzido por John Wells pode soar excessivamente apegado aos palcos - o autor da peça original, Tracy Letts (Killer Joe - Assassino de Aluguel), também assina o roteiro - e verborrágico em demasia, mas traz internalizado alguns temas caros a dificuldade de ser e se manter família, especialmente ao destacar a influência dos pais aos filhos e o choque de cultura e temperamento entre gerações, tudo isto amparado por um elenco de alto escalão, liderado pelas ótimas e consagradas Meryl Streep (O Suspeito) e Julia Roberts (O Sorriso de Monalisa), ambas indicadas ao Oscar pelo trabalho.

Desde os primeiros minutos de projeção é perceptível que o grande forte do filme encontrar-se-á em seus personagens, especialmente na figura da matriarca vivida por Streep, que sofre não apenas de câncer, mas de um desvio de conduta dos mais agudos. Sua relação com as filhas - vividas por Margo Martindale (As Horas), Julianne Nicholson (Kinsey - Vamos Falar de Sexo), Juliette Lewis (Assassinos por Natureza) e Roberts - é o eixo principal do filme, mas temas outros (todos relacionados a convívio familiar) são abraçados pelo texto de Tracy Letts. Peça à parte, é notório que, caso a entrega e o encaixe do elenco não fosse tão acertado os diálogos inflamados de Letts não causariam muito impacto, justamente por sua verborragia não ser tão bem decupada para a mídia cinema. Com isso, vez ou outra o filme acaba tropeçando no melodrama ou se excede na histeria, mas John Wells consegue nivelar tal desequilíbrio, mesmo que sua direção privilegie mais a condução dos atores e atrizes do que em estabelecer um estilo particular de filmagem.

Os elenco masculino também merece destaque, suprindo bem o papel de suporte ao "show" proporcionado pelas  mulheres. Da rápida participação do veterano Sam Shepard (Amor Bandido) as presenças carismáticas de Chris Cooper (Beleza Americana), Ewan McGregor (Sentidos do Amor) e Dermot Mulroney (A Perseguição), passando pelo pouco aproveitado Benedict Cumberbatch (Além da Escuridão - Star Trek), todos acabam servindo de "escada" as discussões elencadas pelo filme, cujo norte se encontra no olhar feminino, sendo o conflito abraçado por este ponto de vista (pelo menos são as personagens femininas as que mais se sobressaem a trama).

Sofrendo um pouco com o ritmo arrastado e com a tímida inventividade de Wells na composição das cenas - que aqui trabalhou ao lado do diretor de fotografia brasileiro, Adriano Goldman (360) -, Álbum de Família pode até soar mais como teatro que como cinema (fato!), mas sua premissa torna-se tão interessante e suas personagens, apesar de exageradas, chamam tanto a atenção que estas pequenas falhas acabam sendo deixadas de lado. Não que a temática seja parecida, mas por também se tratar de uma "peça filmada", o filme me lembrou bastante Deus da Carnificina, de Roman Polanski, e qualquer obra que sugira Polanski pode ser considerada no mínimo interessante.

Obs.: Mesmo longe de genial, a trilha sonora composta por Gustavo Santaolalla (O Segredo de Brokeback Mountain) apresenta alguns belos temas.

★★★½
 
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