Tão Forte e Tão Perto dividiu a opinião dos críticos e não despertou tanta atenção do público, mesmo conseguindo uma indicação ao Oscar de melhor filme em 2012. A bem verdade, apesar de não ser um filme a altura do que deveria ser o Oscar - obviamente, no meu ponto de vista -, ainda não consegui compreender a antipatia geral com relação ao filme, que sim soa choroso e construído com o intuito de emocionar, mas que em momento algum extrapola na produção de lágrimas e em despertar do sentimento de revolta no telespectador (ao contrário de um de seus concorrentes no Oscar, o drama blockbuster Histórias Cruzadas, este sim, ao meu ver, bem mais nocivo). Certamente não é um grande filme, mas passa longe de ser uma decepção.
Contando com a direção do competente (e com cadeira catina na Academia de Artes Cinematográficas) Stephen Daldry (O Leitor) e baseado no romance homônimo, o filme conta a história de perdas e de amadurecimento do garoto Thomas Schell (Thomas Horn), que perde o pai (Tom Hanks, de A Viagem) durante o atentado terrorista ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001 e busca pelo entendimento desta perda partindo para uma espécie de jornada de redescoberta pela cidade de Nova Iorque, tentando encontrar algo a ser aberto pela por uma chave deixada por seu pai e que agora encontra-se em sua posse.
Lançado dez anos após o atentado, obviamente reverenciamento e tributo são prestados pelo filme e mesmo que em alguns momentos o roteiro de Eric Roth (Forrest Gump - O Contador de Histórias) e as notas desfiladas por Alexandre Desplat (Moonrise Kingdom) forcem o choro, as metáforas e o tom fabular do filme são bem construídos, trazendo uma carga de energia positiva no limite do apelativo. Muito se falou da falta de profundidade do filme, especialmente por ter como pano de fundo um evento de importante magnitude (ainda mais para os habitantes da cidade de Nova Iorque, cenário da obra) e, apesar de concordar que este realmente poderia ter se saído melhor caso seu argumento aprofundasse na repercussão da tragédia nas vidas destacadas em tela, de modo algum o filme mostra-se menor sem este aprofundamento, mas simples e direcionado ao drama particular de um garotinho apegado e altamente dependente da figura paterna.
É claro que, mesmo não me incluindo no grupo daqueles que não apreciaram o filme, alguns elementos não me agradaram tanto assim, a começar pela escalação do jovem Thomas Horn como protagonista. É certo que seu papel não é de nenhuma maneira fácil, pois trata-se de um personagem com qualidades e defeitos distintos que estão ligados ao andamento do enredo, portanto seria necessário um grande domínio de cena e carisma em seu intérprete para que a empatia com o personagem permanecesse sempre mais alta do que a discordância para com seu comportamento e atitudes. Infelizmente, Horn não consegue despertar tal empatia, pelo menos nos momentos de maior dramaticidade do filme, enfraquecendo assim nossa relação com o personagem e, por conseguinte, prejudicando o poder de convencimento do filme. A bem verdade a coisa só não piora por que temos a presença de um elenco de apoio competente e em ótima forma, que supre a carga de emoção irregular do personagem de Horn. Impossível não destacar as performances de Tom Hanks, Sandra Bullock (Crash - No Limite) e Max Von Sydow (Hannah e suas Irmãs), este último, por sinal, indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante por esta performance.
Bem fotografado (Chris Menges) e dono de uma premissa se não totalmente original, certamente inspirada (e inspiradora, por que não), Tão Forte e Tão Perto é um bom filme, carregado de metáforas eficientes que ressignificam os sentimentos despertados pelo ataque as torres gêmeas há mais de uma década e orquestrado não apenas para emocionar os mais incautos ou despreparados emocionalmente, mas sim prestar tributo a um evento que, querendo ou não, mudou paradigmas não só no povo norte-americano, mas em toda a humanidade. É difícil apontar com propriedade o que não funciona tão bem no filme. Talvez sua duração seja demasiadamente grande (a impressão que se passa é que o filme teima em não querer ser encerrado) ou sua montagem careça de menos obviedade. Talvez. Porém, certamente posso afirmar que, assim como outros tantos filmes apontados como grandes obras de 2011 (muitas destas contempladas com indicações ao Oscar), Tão Forte e Tão Perto não encontra-se naquele rol simbólico de obras fantásticas e imperdíveis que poderiam sagrar-se como melhores em premiações mundo afora, mas é um filme correto, que cumpre bem seu papel, seja como entretenimento, homenagem ou simplesmente cinema. A bem verdade não deve nada a outros candidatos a prêmios em 2011 como Histórias Cruzadas, Cavalo de Guerra, O Homem que Mudou o Jogo etc.
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