27 agosto, 2012

Touro Indomável (Raging Bull, EUA, 1980).


É uma pena que há anos Robert De Niro (O Poderoso Chefão Parte II) não entregue uma interpretação tão completa quanto deste seu Jake La Motta, por sinal vencedora do Oscar, que simplesmente brilha neste filme emblemático e aplaudido dirigido por Martin Scorsese (Os Bons Companheiros), esse sim, na minha opinião, ainda relevantíssimo em sua longa carreira, mesmo que vez por outra realize filmes não tão espetaculares. Touro Indomável, que conta a história de conquistas e derrotas do ex-pugilista La Motta (De Niro), conquista de imediato tanto por sua acertada fotografia em preto e branco (Michael Chapman compõe de maneira magistral todo o filme) quanto pela veracidade apresentada nas lutas de boxe - fazendo com que as de Rocky, um Lutador, por exemplo, pareçam brincadeira de criança -, além da entrega do elenco e da competência habitual de Scorsese na direção.

Retomando a parceria com o roteirista (futuro diretor) Paul Schrader após o sucesso de Taxi Driver, Scorsese opta por narrar apenas parte da história do pugilista, deixando momentos como sua infância e até mesmo alguns importantes confrontos de lado, visto que é mais do que perceptível a intenção do diretor de ir além do mito e levantar uma análise apurada desta tão controversa figura que é Jake La Motta. Também é creditado como roteirista Mardik Martin, trabalhou no roteiro do filme anterior de Scorsese, New York New York.

Projeto dos sonhos de Robert De Niro, Touro Indomável surpreende também por apresentar um protagonista tão interessante quanto desprezível, um homem que venceu na vida através do esporte, mas que não deixou de ser uma figura estúpida, violenta e muitas vezes destrutivo em suas ações. Do pugilista imbatível na arena - vem daí seu apelido Touro Indomável - a um sujeito pobre e obeso, o filme não faz nenhum tipo de concessão quanto a heroísmo ou mitificação da persona de Jake La Motta, mas sim faz um resgate quase que documental - mesmo baseado em livro co-escrito pelo pugilista - de três momentos da vida do lutador, sua ascendência, a conquista do campeonato e sua decadência pessoal e profissional.

É interessante também a composição do ator Joe Pesci (Esqueceram de Mim) como o irmão de La Motta, que apesar da verborragia carregada de palavrões conduz um personagem bem mais centrado do que o esperado, em especial por ser conhecido pelas interpretações over (no bom sentido) em filmes como Máquina Mortífera 2, 3 e 4, e no próprio Os Bons Companheiros, de Scorsese. Quem também dá um show justamente pela interpretação contida, quase sem emoção, é Cathy Moriarty (Copland), não é a toa que tanta ela quanto Pesci receberam indicações ao Oscar nas categorias de coadjuvantes.

Tecnicamente irrepreensível, quiçá o maior filme já feito sobre um pugilista - em especial se você transcender o espectro e afastar o filme da simples categoria de filme sobre boxe ou boxeador - e considerado, ao lado de Taxi Driver e Os Bons Companheiros, como o melhor trabalho da carreira de Martin Scorsese e de Robert De Niro (tá certo que este ainda possui a mais do que inspirada composição de Vito Corleone, no mais que clássico O Poderoso Chefão Parte II) por grande parte dos críticos, Touro Indomável é um filme sobre acertos e falhas, conquistas e derrotas, brilhantismo e estupidez, sucesso e fracasso, em suma, sobre as contradições inerentes ao ser-humana, simbolizadas pela grotesca e ao mesmo tempo aprazível figura do pugilista Jake La Motta criado pela dupla Scorsese/De Niro.

AVALIAÇÃO:  
TRAILER:

Mais informações:
Bilheteria: Box Office Mojo

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