17 junho, 2012

Compramos um Zoológico (We Bought a Zoo, EUA, 2011).

"Por que uma mulher tão linda como você falaria com alguém como eu?" - pergunta um personagem do filme.
 "Por que não?" - alguém o responde.
Apesar do tom algo como fabular do enredo, Compramos um Zoológico é um filme baseado em eventos reais, acerca de um pai viúvo que decide adquirir uma casa/zoológico como ponto de virada para ele e seus dois filhos. Entretanto, apesar da fauna e natureza ter certa importância na história, o grande mote do filme é o ser-humano, em especial seu inter-relacionamento e a apreciação da vida. Conduzido pelo premiado diretor e roteirista Cameron Crowe (Jerry Maguire: A Grande Virada, Pearl Jam Twenty) e estrelado por Matt Damon (Gênio Indomável), Scarlett Johanson (Os Vingadores) e Thomas Haden Church (Sideways - Entre Umas e Outras), Compramos um Zoológico é - assim como quase toda a filmografia de Crowe - formatado através de um grande emaranhado de clichês, entretanto conduzido de maneira tão intuitiva e singela que transcende o lugar comum e torna-se distinto e único. Com um começo discreto e pontual, mas que vai sendo desenvolvido com interesse e força, este é um sincero e eficiente feel good movie, que abraça com força o lado bom do ser humano, os aspectos positivos da vida, tudo isso sem nunca soar moralista, piegas ou muito menos pedante. Crowe, Aline Brosh McKenna (co-roteirista) e todo o elenco estão perfeitamente alinhados no objetivo de conquistar o coração do espectador através de muita delicadeza, esperança e sinceridade.

É óbvio que essa história de "redenção" familiar não traz grandes novidades, muito menos soa complexa ou totalmente crível, entretanto, apesar do tom fantasioso e dos absurdos que envolvem a compra real de um zoológico (seria implausível se não tivesse sido real), há neste emaranhado de ficção muitos elementos palatáveis e críveis, que de certa forma pertencem ao nosso cotidiano, nem que em essência.

Apesar do filme como um todo ser uma espécie de jornada de reencontro ou uma espécie de rito de passagem conjunto, o grande momento deste é sem sombra de dúvidas seu encerramento, que com certeza deixará os olhos marejados daqueles que comprarem a aventura desse pai e seus dois filhos. E este sentimento passa longe do mal-estar, pois se as lágrimas verterem pode ter certeza que o único sentimento despertado será um misto de alívio e felicidade, como se a conquista dos personagens tivessem acontecido em parte por causa de nós (espectadores). É difícil apontar algo de deslumbrante num filme tão afinado e cheio de simplicidade como este Compramos um Zoológico, mas é impossível não citar o show de interpretação e principalmente (talvez apenas isso) de carisma da pequena Maggie Elizabeth Jones, um poço descomunal de meiguice e espontaneidade como há tempos não via numa criança em tela. Mesmo que o filme não trouxesse os válidos elementos citados, ainda assim valeria a pena conferi-lo pela presença da doce Maggie Jones.

Cinematograficamente Compramos um Zoológico não vai  mudar o rumo da indústria, do gênero ou da sua vida, porém traz consigo mensagens contundentes e positivas acerca da potencialidade nossa de transcender, mudar, realizar sonhos e de ter coragem de recomeçar quando assim nos é pedido, temas estes tão caros ao nosso cotidiano e vida, seja você branco ou negro, homem ou mulher, criança ou adulto, europeu ou asiático, cristão ou muçulmano, crente ou cético, vivo ou morto. O filme pode não rescrever a nossa história como ser-humano, mas cumpre bem o papel de nos lembrar da parte boa dela.

AVALIAÇÃO: 
Trailer: 

Mais informações:
Bilheteria: Box Office Mojo

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