08 abril, 2012

Pacto de Justiça (Open Range, EUA, 2003).


"É uma pena passar a vida sem provar o gosto de algo" (Boss Spearman, personagem de Robert Duvall).
 "Sei que as pessoas ficam confusas na vida, em relação ao que querem e o que fizeram e o que acham que merecem por causa disso. O que eles acham que são ou fizeram os oprime tanto que não os deixa ver o que eles podem ser" (Sue Barlow, personagem de Annette Bening).

Uma espécie de simbiose entre o faroeste revisionista à lá Os Imperdoáveis, de Clint Eastwood (considerado o marco zero do gênero) e o clássico e romântico (como os filmes de John Ford), Pacto de Justiça começa contemplativo, bucólico, singelo, com um quê de análise antropológica-comportamental, mas que com o desenvolver da trama torna-se mais firme, forte, visceral, ou seja, ganha a aura western em que parecia querer ir contra. Justamente aí se encontra o grande diferencial da produção, visto que este trabalho dirigido e estrelado por Kevin Costner (Dança com Lobos) representa a busca por redenção, a sede de justiça e a essência da identidade própria de maneira dupla, tanto pelas circunstâncias apresentadas no enredo, quanto pelas marcas enraizadas em cada um dos personagens do filme, em especial as dos protagonistas, Robert Duvall (O Poderoso Chefão) e o próprio Costner.

Duvall, por sinal, entrega uma interpretação primorosa, conferindo sabedoria, presença de espírito e humanidade a seu personagem, contraponto perfeito ao tipo sisudo e de poucas palavras concebido por Coster. O elenco principal ainda conta com as participações de Annette Bening (Bugsy), Diego Luna (E Sua Mãe Também) e Michael Gambon (O Informante), que apesar de pequenas, são importantíssimas para a concretização do enredo.

Dono de uma fotografia deslumbrante - os dez primeiros minutos de projeção são um deleite para os olhos -, uma trilha-sonora que imerge o espectador diretamente ao filme (a cargo do respeitado maestro Michael Kamen) e um roteiro interessante, mesmo que simples e com poucas - porém eficientes - viradas, Pacto de Justiça é a prova viva de que, apesar de alguns tropeços, Kevin Costner continua um bom realizador, um ator talentoso e carismática e, mais do que tudo, um excelente contador de histórias, além de honrar sua fama de romântico, aspecto este que o filme irremediavelmente não deixa de atestar. Pacto de Justiça pode não ser um filme tão lembrado do gênero, muito menos fez muito barulho na época de seu lançamento, mas com toda certeza figura entre os cinco melhores longas de faroeste da década passada.

AVALIAÇÃO: 8 de 10.

Trailer:


Mais informações:

Pacto de Justiça
 
Bilheteria: Box Office Mojo
 
IMDb - Internet Movie Database:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Concorda com o texto? Comente abaixo! Discorda? Não perca tempo, exponha sua opinião agora!