20 abril, 2012

Cavalo de Guerra (War Horse, EUA, 2011).



O ano de 2011 foi bem corrido para Steven Spielberg, visto que o cineasta teve dois filmes com sua assinatura estreando com poucos meses de diferença entre eles, As Aventuras de Tintim e este Cavalo de Guerra. Praticamente uma reunião de todos os elementos que caracterizam o cinema do diretor - emoção bem acima da razão, concepção visual marcante, enredo engrandecedor, misto de fantasia e realidade, pegada poética etc. -, este filme na verdade é a ratificação de que o cineasta responsável por obras do calibre de Tubarão, Contatos Imediatos do 3º Grau, Os Caçadores da Arca Perdida, Jurassic Park e o oscarizado A Lista de Schindler (dentre tantos outros) mudou, não necessariamente para pior, mas a amadurecência e os cabelos brancos o tornaram uma pessoa com uma percepção de mundo diferente da do começo de sua carreira, aspecto este que, em maior ou menor grau, aparecem em suas mais recentes obras. Entretanto, apesar de não ser unanimidade, Cavalo de Guerra é um bom filme, que retrata um período de guerra (a I Mundial) de forma amena e um tanto quanto fantasiosa através da ótica de um cavalo, aspecto este que rende grandes metáforas e analogias ao próprio ser-humano.

Cavalo de Guerra, apesar de resultar em um filme muito bom, está bem distante da perfeição. Quanto aos aspectos positivos há de se destacar todo a parte técnica, em especial a deslumbrante fotografia a cargo de Janusz Kaminski (O Resgate do Soldado Ryan), inspirada em clássicos do cinema das décadas de 1930 e 1940, em especial ...E O Vento Levou (o encerramento do final entrega), o roteiro bem-definido - apesar de excessivamente bobo em alguns momentos - escrito a quatro mãos por Richard Curtis (Simplesmente Amor) e Lee Hall (Billy Elliot), baseado na obra-homônima de Michael Morpurgo  e a trilha-sonora assinada pelo mestre John Williams (Star Wars), que foi considerada por muitos críticos como exagerada, mas que ao meu ver compõe o filme na medida certa. Já com relação aos pontos fracos destaco a metragem do filme, que poderia ser enxugada em pelo menos 20 minutos (não que o filme torne-se maçante, o problema está em alguns momentos que não acrescentam ao desenvolvimento da história), a previsibilidade de alguns eventos com a óbvia finalidade de forçar lágrimas do espectador (qualidade positiva e negativa do cinema de praticamente toda a filmografia de Spielberg) e indefinição de gêneros e públicos do filme, sempre em cima do muro, sem assumir-se aventura para todas as idades ou drama de época, aspecto este que talvez tenha contribuído para o seu desempenho apenas mediano nas bilheterias.

Enfim, eficiente em sua missão e com uma mensagem se não inédita e complexa, motivadora e bonita, Cavalo de Guerra conta com um elenco de primeira em pequenos papéis (David Thewlis, Emily Watson, Tom Hiddleston, Benedict Cumberbatch, dentre outros), um co-protagonista eficaz, porém que não desperta tanta atenção (o jovem Jeremy Irvine) e, apesar de aparentemente não ser daqueles filmes lembrados do cineasta por muitos anos afora, guarda pelo menos uma grande sequência, que se inicia com a fuga desbravadora do cavalo Joey (o verdadeiro protagonista e grande herói do longa) no campo de batalha na França até culminar na melhor cena de diálogo de todo o filme, ocorrida entre dois soldados de lados distintos, um alemão e um inglês, ao tentarem livrar Joey de uma "armadilha" de arames farpados. Uma cena que, afora alguns momentos de excesso de melosidade do filme, representam a essência do mensagem de Cavalo de Guerra.

AVALIAÇÃO: 7 de 10.

Trailer:



Mais informações:

Cavalo de Guerra
Bilheteria: Box Office Mojo

IMDb - Internet Movie Database:

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