26 março, 2012

Os Vigaristas (Matchstick Men, EUA, 2003).


Muitos afirmam que nas últimas duas décadas Ridley Scott (Gladiador) perdeu a mão e não tem realizado obras de nível tais quais Alien - O Oitavo Passageiro e Blade Runner - O Caçador de Andróides, por exemplo. Entretanto, apesar do mesmo realmente ter deixado um pouco de lado os filmes com temáticas "questionadoras", sua filmografia sempre oscilou entre gêneros e ultimamente, talvez pelo seu amadurecimento como cineasta, Scott tem alternado grandes produções com projetos mais intimistas e, por que não dizer, simples. Contudo, não é por que tais filmes possuem uma aura simplicidade que serão produtos ruins ou de baixo nível. Longe disso, são títulos bacanas que, talvez por possuírem a assinatura desse conceituado e cultuado cineasta, acabam sendo considerados obras menores (quando não totalmente ignoradas), porém caso fossem filmes de qualquer outro diretor de menor expressão com toda certeza seriam bem mais respeitadas, apreciadas e aplaudidas. Vai entender o ser humano, não é mesmo?

Felizmente (ou não, caso você não concorde com meu texto introdutório) Os Vigaristas encontam-se nessa categoria de "bons filmes despretenciosos". Divertido, ágil, recheado de boas sacadas, possuidor de um bom elenco e, apesar de não ser seu principal objetivo, com uma mensagem positiva (por trás das falcatruas mostradas, óbvio) sobre paternidade e segundas chances. Estrelado por Nicolas Cage (Motoqueiro Fantasma 2: Espírito da Vingança) - surtado e carismático como sempre -, Sam Rockwell (Homem de Ferro 2) e Alison Lohman (Arraste-me Para o Inferno) - em seu primeiro grande papel no cinema -, o enredo de golpes nada mais é do que uma desculpa para um show (isso mesmo) de interpretações hiperbólicas e caricaturais, só que com a competência que apenas um elenco de primeiro poderia entregar, visto que apesar dos exageros, estas nunca chegam a ofender ou a causar repulsa. Muito pelo contrário, é justamente esse clima carregado e nonsense que dá alma ao filme.

Cage e Rockwell, em particular, mais uma vez repetem os estereótipos pelos quais são mais conhecidos no cinema, visto que ambos já interpretaram personagens com características semelhantes diversas vezes anteriormente, só que o fazem de maneira tão orgânica e divertida que provocam certa surpresa no espectador. Ou seja, aquele mais do mesmo que funciona sem esforço algum, graças ao grande talento destes atores. Em resumo, Cage interpreta mais uma vez o cara cheio de tiques, com tendências entre a loucura e a esquizofrenia - com muito brilho e presença de espírito, como já frisado acima -, enquanto Rockwell nos mostra mais uma vez aquele tipo divertido, malandrão e com jeito de cafajeste, que sempre nos deixa em dúvida acerca de sua índole. Em suma estereótipos recorrentes nas carreiras destes astros, mas que mais uma vez estes os reciclam de maneira divertida. Encontra-se aí o grande diferencial de um grande diretor por trás de toda essa zona, visto que talvez se fosse outro que não Ridley Scott a dirigí-los, apesar dos talentos já destacados dos atores, seria fácil tais interpretações caírem nas mesmice e ao invés de serem grandes destaques do filme, viraram pastiche de grandes papéis passados. 

Os Vigaristas não é uma obra ambiciosa ou épica como Gladiador, Cruzada e outros citados de Ridley Scott, entretanto é super competente em seu gênero e, apesar da falta de grandiosidade, supera em muito tanto produções mais recentes (Falcão Negro em Perigo, Robin Hood) quanto antigas (1942 - A Conquista do Paraíso) do cinesta que tinham como grande chamariz a super-produção e o clima épico. Sendo assim, apesar de não ser um grande clássico do cinema, Os Vigaristas é um filme bacana e competente, que cumpre com sobras todos os seus objetivos, dentre eles o de divertir sem nenhum tipo de restrição e de desafogar um pouco a pretensão de filmes cada vez "maiores" (traduza como bem entender) de um cineasta que já não tm mais nada a provar.

AVALIAÇÃO: 8 de 10.

Trailer:
 
 
Mais informações:
 
Os Vigaristas

Bilheteria: Box Office Mojo

IMDb - Internet Movie Database:

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