29 março, 2012

A Morte e a Donzela (Death and the Maiden, EUA/ING/FRA, 1994).

 "Jamais possuímos totalmente a alma feminina" (Dr. Miranda, personagem de sir Ben Kingsley, parafraseando Friedrich Nietzsche).

Misto de thriller e drama, A Morte e a Donzela foi baseado numa peça homônima de Ariel Dorfman, chileno que foi exilado do Chile durante do regime do ditador Augusto Pinochet e trata de traumas, conflitos ideológicos, crítica político-social (ditadura), isolamento, enfim, decupa e expõe mazelas diversas inerentes ao ser-humano, sejam estas de ordem física ou psicológica. Dirigido por um dos maiores especialistas em realizar filmes que tratam da relação causa e consequência do ser-humano, o polonês Roman Polanski (vencedor do Oscar de melhor direção por O Pianista) e estrelado por Sigourney Weaver (Alien, o 8º Passageiro), Sir Ben Kingsley (A Invenção de Hugo Cabret) e Stuart Wilson (A Máscara do Zorro), este filme é um primor tanto no que tange a atuação quanto no quesito técnico. 

Envolvente, questionador, intimista (o filme inteiro praticamente se resume à interação do trio acima) e tenso, A Morte e a Donzela é um belo tratado acerca do potencial do homem para o bem e o mal, e além do mesmo, tornando-se assim um filme com fortes contornos filosóficos, sociológicos, antropológicos e psicológicos (a obra faz questão de referenciar gênios como Nietzsche, Freud e Schubert, por exemplo), apresentando a imprevisibilidade humana concomitantemente a seus altos e baixos no que se refere ao certo e ao errado. Um filme que trata das consequências (físicas e, principalmente, psicológicas) das pessoas perseguidas e torturadas por regimes ditatoriais, entretanto sem nunca definir o "vilão" como totalmente mau, nem a "vítima" como totalmente boa, construindo assim uma realidade constante de dúvidas e paranóia, onde o que prevalece é o cinza em detrimento do preto e branco.

Por fim, A Morte e a Donzela é um filme profundo ao tocar em um tema sempre delicado e, mesmo que mantenha a estrutura dramatúrgica original (a concepção de isolacionismo lembra demais a forma em que deve ter sido praticado nos palcos), traz características cinematográficas apuradas, em parte devido ao talento do elenco, mas principalmente pela genialidade do condutor da obra, o mestre Polanski. Este não é um dos mais cultudados trabalhos do polonês, entretanto, mesmo sendo uma "obra menor", não deixa de ser espetacularmente construída. Seja um drama ou um thriller, seja uma metáfora, uma peça ou um pseudo-documentário, o que importa é que o filme carrega consigo, do começo ao fim, questionamentos e perguntas, deixando as respostas e possível conclusão apenas ao espectador, que com toda certeza gerará infinitos debates mentais, em especial devido ao clímax final e, também, ao desfecho enigmático, onde apenas através de música (Schubert) e expressões conhecemos a angústia e medo passados pelos personagens principais.

AVALIAÇÃO
TRAILER

Mais informações:

Filmes de ROMAN POLANSKI comentados no CineMografia.

A Morte e a Donzela

Bilheteria: Box Office Mojo

IMDb - Internet Movie Database:

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